Competitividade e as Habilidades do Século XXI
comentado por Fabio Tagnin em setembro 15, 2008
Saiu recentemente o relatório Habilidades do Século XXI, Educação e Competitividade (21st Century Skills, Education and Competitiveness) patrocinado pelas instituições Partnership for 21st Century Skills, Ford Motor Company Fund, KnowledgeWorks Foundation e a National Education Association dos Estados Unidos. Este trabalho analisa o grau de competitividade dos EUA na economia global em função da existência de um sistema educacional voltado às habilidades do século XXI. Se olharmos tais conclusões sob a ótica brasileira, podemos extrair lições importantes e traçar um paralelo com a situação nacional.
Mas, o que são essas habilidades? Além de saber matemática, língua portuguesa e ciências, o aluno precisaria ser exposto a atividades que possam desenvolver (a) seu pensamento crítico e processo de tomada de decisões, (b) sua habilidade em resolver problemas complexos, multidisciplinares e abertos, (c) sua criatividade e pensamento empreendedor, (d) sua habilidade de comunicação e colaboração, (e) maneiras de usar de modo inovador o conhecimento e as informações adquiridas, e (f) sua responsabilidade social como cidadão do mundo.
A primeira razão para que o país mude sua atenção para a melhoria de sua competitividade por meio da educação é apresentada com o retrato de um país com um forte crescimento no setor de serviços, em relação à produção de bens - 86% dos trabalhadores nos EUA prestam algum tipo de serviço e ganham, em geral, um salário médio anual maior que seus companheiros no setor manufatureiro. No Brasil, a área de serviços é uma das que mais cresce. Segundo o IBGE, no segundo trimestre deste ano o setor inteiro cresceu 5,5% - só a área financeira cresceu 12,7% e a de serviços de informação 9,7%.
O fato de as empresas estarem mudando suas estruturas de poder e tomada de decisão para aumentar sua produtividade e grau de inovação também ilustra para onde estamos caminhando: é preciso ter pessoas mais preparadas para analisar informações, pensar em novas soluções, comunicar melhor suas impressões e elaborar sobre questões mais amplas. Os problemas com que lidamos são cada vez mais complexos e já não se pode contar em resolvê-los sozinhos - precisamos ser cada vez mais flexíveis para produzir conhecimento. Essa é a segunda razão apresentada pelo estudo, que foca na criatividade como medida de excelência no mundo globalizado.
A diferença entre os graus de proficiência dos alunos é também analisada no relatório, que apresenta algumas recomendações para mudar o curso da situação crítica nos EUA. Independentemente de entendermos que algumas dessas soluções apresentadas não sirvam para o momento brasileiro, talvez possamos definir outras ações, políticas públicas e alterações curriculares para suprir as demandas da economia globalizada e prepararmos nossos jovens para enfrentar e desfrutar das oportunidades imediatas que essa nova conjuntura nos apresenta.